Olá dono.
A carta que te enviei e que publicaste no teu blog teve muito mais sucesso do que o que tu tinhas escrito antes. Foi o que tu disseste. Não deves ficar admirado, é pouco vulgar os gatos darem-se ao trabalho de escrever. E muito menos quando já nem estão entre vocês.
Mas pensaste tanto nisso na noite passada que aqui vai mais uma. E já agora aprende a técnica: à noite, na cama, pensa muito em mim e no que me queres dizer. No dia seguinte terás um papelinho com as minhas respostas.
Estive a pensar no que tinha escrito e lembrei-me de mais umas histórias para contar. A culpa é tua. Não foste escrever um livro “Facing Challenges” com histórias da tua vida que recordavas? Então por que cabeça de carapau é que não hei-de fazer o mesmo?
Lembrei-me de quando tu estavas concentrado a trabalhar ao computador, cheio de papéis à tua volta, e eu saltava para a mesa e deitava-me em cima dos papéis que tu estavas a usar. E eram logo esses. Ficavas furioso, mas afastavas-me com jeitinho. Sim, é que tu já tinhas travado conhecimento com as minhas unhas.
E no inverno! Tinhas aqueles aquecedores metálicos e eu deitava-me mesmo colada a eles. Ficavas aflito, achavas que eu ia queimar o pelo. Dono, nós gatos sabemos o que fazemos. Vocês, duas patas, é que fazem asneiras.
Havia uma máquina horrível na tua casa que eu detestava. Era aquela coisa a que chamavas aspirador. A duas patas que fazia a limpeza da tua casa andava com ela por todo o lado e não me deixava ficar sossegada, andava sempre a fugir àquele mostrengo. Eu bufava-lhe, mas não adiantava.
E nas noites em que fazia frio aquela voltinha que eu dava na tua cama, a que tu achavas tanta graça? Saltava para a cama, levantava os cobertores e ia até lá ao fundo. Depois voltava para cima e aninhava-me naquele espaço que ficava entre o teu ombro e a cabeça. Mas isto só quando estava frio. No verão não me apanhavas lá.
Sempre te preocupaste com a comida que me davas. Mas aí eu trocava-te as voltas, de vez em quando. Fartava-me, o que queres! Não gostava de repetir sempre a mesma coisa, sempre gostei de variar. Sou gata e tenho que ser complicada. Uma gata siamesa de boas famílias tinha que ser esquisita, se não julgavam que era uma gata de rua.
De vez em quando tinhas outros duas patas lá em casa. Nunca gostei muito de visitas. Normalmente quando era um duas patas desconhecido eu escondia-me. Tu querias mostrar-me e ficavas furioso. Nunca conseguiste descobrir onde é que eu me escondia.
Só gostava da tua amiga duas patas que me descobriu quando era pequenina. Era muito simpática e tinha um colo delicioso. Muito melhor que o teu. Os colos das duas patas fêmeas são muito melhores que os de vocês machos.
Olha hoje já não me apetece escrever mais. Ficamos por aqui. Mas agora já sabes como fazes para contactar comigo.
Começo a achar piada a esta experiência nova.
Lamento os erros abaixo e troca de letras.
É o dedo da escrita que as vezes é iletrado.
Adorei! Está o macimo. Só vi agora pprwue ontem vim de viagem para a minha terra.
Li agora e chameia a Graça que adorou.
Este fez-me rir. Aquela matreira sedutora!
Inte! Dono de "gatices" como dizia a primeira dona, que com eu é uma estrelinha no céu.