Olá dono!
Então agora deste em fazer publicidade a um livro escrito por um cão? Um cão! E estavas à espera que eu não reagisse!
Eles também podem escrever, coitados, mas são só histórias violentas, como a do livro de que falaste. Falta-lhes a criatividade e a sensibilidade. Aliás vê bem: Quantos escritores e pensadores é que têm gatos e quantos é que têm cães.
Nota, há gente ótima que gosta, ou só gosta de cães, gostos não se discutem, mas na literatura nós estamos em maioria.
Decidi reagir também por outra razão. Reparei pelo teu último texto no blog que já te faltam temas, tens que ir buscar listas de atividades à falta de melhor. Admite, dono, já não és jovem. Se fosses gato terias 16 anos.
Por isso decidi ajudar-te. Vou começar a partilhar o teu blog mais assiduamente.
Andas curioso com vontade de saber o que faço por aqui. Pois vou falar um pouco sobre isso agora.
Quando estava por aí, sei que era arisca, mas agora decidi tornar-me sociável e já tenho muitas amigas.
O que fazemos? Vamos tomar leite a um sítio agradável e contamos umas às outras histórias dos nossos donos. Nem imaginas as coisas que tenho sabido! Sim porque nós somos muito desinibidas, falamos de tudo.
Há uma que fica assanhada com muita facilidade, mas nós já a conhecemos e não lhe ligamos.
Também praticamos desporto. O patabol é muito popular entre nós. Já sabes que não podemos ver uma bola a mexer que vamos logo atrás. Mas é um jogo muito diferente dos vossos, sempre com um duas patas a apitar e a mandar parar tudo. Nós nunca paramos, e as regras vamo-las inventando à medida que vamos jogando. Muito mais divertido.
Também tratamos das unhas, como as vossas fêmeas, e alguns machos, já agora. Há uma colega que é especialista e tem um tronco velho que é ótimo para amolar as unhas. Também nos trata do pelo. Tem uma língua áspera que nos deixa o pelo que é uma maravilha. Mas só funciona com marcações, tem muita clientela, sabes?
Como podes ver, nós fazemos praticamente tudo o que vocês fazem. Com uma rigorosa exceção: os desportos náuticos. Tudo o que envolva andar por cima da água ou, pior ainda, lá dentro, está rigorosamente banido da nossa sociedade.
Olha, por agora vou parar que é para que os teus, que já são meus, leitores fiquem à espera de mais.
Porta-te bem e evita os duas patas que andam desprotegidos e sem máscara.
Um renhaunhau muito grande,
MariaGata
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