Ultimamente tem-se falado muito de George Orwell. Talvez devido ao facto de a obra deste notável escritor ter passado para o domínio público.
E, claro, dá-se particular destaque a 1984, uma obra de Ficção Científica publicada em 1949 por Eric Blair, o verdadeiro nome do escritor. Essa previsão do mundo daí a 35 anos, embora já tenham passado quase 37 sobre a data a que se refere o título, continua a ser de leitura obrigatória.
É neste livro que as pessoas menos informadas vão descobrir a origem da expressão Big Brother, o Grande Irmão que controla tudo e todos. É no termo “newspeak”, nova fala, que descobrimos a origem de um termo que um candidato a Big Brother, bastante recente, começou a usar: as “fake news”. Também o “doublethink”, o duplopensar, nos traz à ideia um Trump que de manhã dizia uma coisa e à tarde, com a maior desfaçatez, dizia exatamente o oposto.
Fala de um país governado por quatro ministérios, de que saliento o Ministério da Verdade, que vai alterando a história de acordo com os interesses do momento e o Ministério do Amor, que proibia que as pessoas se apaixonassem.
E depois há a Polícia do Pensamento, que persegue todos os que ousam ter ideias diferentes das que são obrigatórias na altura.
De George Orwell não posso deixar de salientar outro livro obrigatório, “Animal Farm”, que foi durante muito tempo traduzido para Português como título “O triunfo dos porcos”.
De Orwell, para além de “Homenagem à Catalunha”, livro relacionado com a sua participação na Guerra Civil de Espanha, ao lado dos Republicanos recordo ainda “Na penúria em Paris e Londres”, um livro inesperado e quase desconhecido deste autor, que li porque alguém mo ofereceu.
Ainda há bastante gente, com um conceito bastante limitado do que é boa literatura, que considera a Ficção Científica um género de literatura menor. Quanto a mim é exatamente o oposto, pois faz-nos refletir sobre nós e sobre o mundo em que vivemos, onde estamos e para onde vamos, ou podemos ir, se não tomarmos agora as medidas adequadas.
Fui durante muitas décadas um leitor assíduo de Ficção Científica e não quero deixar de referir algumas obras ou autores que também considero obrigatórios.
Começo por “Fahrenheit 451” do genial Ray Bradbury, por muitos designado “O poeta da Ficção Científica”. Os seus contos têm das passagens mais belas que já li até hoje.
Foi publicado na Colecção Argonauta, da qual durante muitos anos devo ter falhado poucos livros. Devo dizer que a capa do livro não era a que mostro aqui. Resumindo, trata-se da história de Guy Montag, um bombeiro que vive numa época em que é proibido possuir livros. Os livros tornam as pessoas infelizes, porque as fazem pensar, portanto são perigosos. A tarefa de um bombeiro é descobrir quem ainda possui livros e atear fogos para os consumir.
É um livro cuja leitura, no mundo atual, eu aconselharia vivamente.
Os livros de Ray Bradbury, de que posso ainda salientar “Crónicas marcianas”, “O homem ilustrado” e “Dandelion Wine”, demonstram que os temas da ficção científica não se limitam a guerras entre naves espaciais e a invasão da terra por monstros do espaço.
A quem gosta de ler mas nunca ousou aventurar-se por este tipo de literatura aconselho vivamente que o faça. Irá encontrar muitos temas que conduzem a reflexões sobre a nossa sociedade atual e a forma como poderá evoluir num futuro próximo.
Nalguns casos, como em “1984”, de George Orwell, ou “2001 Odisseia no Espaço”, de Arthur C. Clarke, até já ultrapassámos essas datas.
“A guerra dos mundos”, de H. G. Wells, deu origem a uma peça de rádio de Orson Welles que aterrorizou a América pelo realismo com que foi emitida.
Para quem possa ter ficado curioso e pretenda consultar algumas obras de FC, segue uma lista de alguns dos escritores cuja leitura recomendo, bem como o nome de algumas das suas obras mais emblemáticas.
Vou começar por indicar escritores que toda a gente conhece, mas que nem sempre relaciona com a FC.
Em primeiro lugar, como é óbvio, vem Júlio Verne. A sua obra é tão vasta que não vou aqui indicar nenhum livro em particular.
Aldous Huxley é outro escritor notável cuja leitura do livro “Admirável Mundo Novo”, devia ser obrigatória.
De H. G. Wells, gostaria de referir ainda “A máquina do tempo”, cujo tema já foi objeto de várias versões cinematográficas, bem como de séries de televisão.
Mais alguns autores, com indicação de uma das suas obras de referência:
- Karel Capek – A guerra das salamandras
- Kurt Vonnegut – Matadouro Cinco
- Robert Heinlein – Stranger in a strange land
- Isaac Azimov – Foundation e aqui tenho que acrescentar “I, Robot”
- Clifford D. Simak – Way Station
- A. E. van Vogt – Slan (mais ao estilo da ideia que muitos têm da FC)
- Ursula Le Guinn – cuja reedição de “Os despossuídos” li recentemente.
Espero ter despertado a vossa curiosidade.
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