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Gap Year

Hoje houve uma sessão por zoom organizada pela Associação Gap Year Portugal. O objetivo principal era explicar aos pais em que consiste e, sobretudo, esclarecer dúvidas e receios que por vezes há pais que têm em relação a deixarem ir os seus filhos para fora durante um período que pode ser de vários meses até um ano.


Para o efeito tinham convidado uma mãe cujos 3 filhos, dois rapazes e uma rapariga, já tinham feito o Gap Year e um pai cujas duas filhas também tinham tido essa experiência.

Após ouvirmos os testemunhos de vários jovens que tinham participado, tudo raparigas, a avaliação dos pais quanto ao valor da experiência devem ter tranquilizado pais menos preparados para aceitar e entender o conceito.


Estive calado durante todo o debate, mas no final pedi a palavra. Para quem não sabe, muitas décadas antes do conceito Gap Year ter chegado a Portugal eu participei em duas experiências que encaixam no conceito.


A primeira consistiu em 12 meses, de I de Agosto de 1956 a 4 de Agosto de 1957, durante os quais vivi na Califórnia em casa de uma família local e frequentando uma High School como se fossem a minha família e a minha escola.


A segunda consistiu em dois meses e meio, com início no início de Agosto de 1959, durante os quais dei uma volta à Europa à boleia.

Um relato mais completo sobre ambas as experiências pode ser encontrado no meu livro Facing Challenges.

O conhecimento desse facto fez com que eu tenha passado a usar o título, que muito me honra, de “avô dos gappers portugueses”.


De uma forma muito breve, bem ao meu estilo, quero aproveitar para tecer algumas considerações.

Os pais devem desde bastante cedo procurar incentivar os filhos a terem alguma autonomia e saberem assumir a responsabilidade pelos seus actos. Ao fazê-lo passam a conhecer melhor os filhos e a ter mais confiança na sua capacidade de enfrentar os desafios com que irão deparar ao saírem da sua zona de conforto.


A decisão de participar numa experiência deste tipo deve ser sempre dos jovens, que deverão procurar explicar aos pais as razões que os levam a pretender passar por essa experiência bem como explicar e discutir com eles os planos da viagem, partindo do princípio que o seu Gap Year irá ser passado em países por vezes bastante distantes e com culturas muito diferentes da nossa.


Depois vem a questão sobre quando e quais as vantagens resultantes da participação num Gap Year.

Quanto à altura, o intervalo entre o fim do ensino secundário e o ingresso no ensino superior é talvez um dos períodos mais aconselháveis. Pode evitar a situação que hoje grande parte dos nossos jovens enfrentam que é terem escolhido um curso superior para mais tarde descobrirem que se trata de um curso no qual não se sentem minimamente enquadrados.

Após a conclusão do seu curso e antes do ingresso no mercado de trabalho também é um período bastante aconselhável se o jovem, até essa altura, se limitou a estudar.


Já começa a ser do conhecimento geral que o que gera empregabilidade é muito mais do que uma simples licenciatura ou mestrado. Num mundo em permanente evolução as empresas procuram jovens com novas competências, com capacidade para se ajustarem a uma atividade em constante mutação, para não terem receio de desafiar a forma como as coisas são feitas.


Devem ser ousados, criativos, motivados e adaptáveis a todo o tipo de circunstâncias. As “soft skills” são muito mais importantes que as notas no final do curso.

Este tema devia ser mais debatido nas escolas, sobretudo em sessões que contassem com a presença dos pais.


Os pais, pelo seu lado, não podem continuar a avaliar as situações baseados em conceitos e ideias que já não têm nada que ver com a forma como o mercado de trabalho funciona.

Convém não esquecermos que dentro de poucos anos muitas das profissões que eram consideradas essenciais terão perdido todo o significado e irão surgir profissões que neste momento nem nos passam pela cabeça.


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