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Foto do escritorantvaladas

Os Descendentes dos Vikings

Em Setembro de 1976 estive duas vezes, as únicas, na Islândia.

Ia participar num Congresso Mundial que teria lugar em Pawling, no Estado de New York. Os participantes europeus nesse Congresso eram todos membros da EFIL, European Federation for Intercultural Learning, que ia ter a sua Assembleia Geral no Luxemburgo.


Acontece que havia uma companhia aérea, já não me recordo de qual, que fazia a rota Luxemburgo – Nova Iorque com escala na Islândia, por um preço muito mais em conta. E foi assim que fui parar à Islândia.




Welcome to the moon

Aterrámos no aeroporto de Keflavik e aí apanhamos um autocarro em que percorremos os 50 quilómetros que nos separavam de Reykjavik. Tinha caído a noite e ao longo de todo o percurso apenas víamos um terreno árido, de aspeto vulcânico, despido de árvores, mas também de animais ou qualquer ser vivo. Alguém no autocarro gritou “Welcome to the moon” e tinha razão. Parecia que tínhamos chegado (ia dizer aterrado) à Lua.


Claro que a organização internacional já tinha decidido proporcionar-nos uns dias na Islândia para podermos ficar a conhecer melhor um país onde, naquela altura, só se ia por absoluta necessidade.


Reykjavik

A capital era relativamente pequena, em comparação com outras capitais europeias. Não se viam monumentos grandiosos. As casas eram simples, de madeira, bastante confortáveis por dentro, mas sem luxos. As janelas eram enormes e todas tinham uma profusão de vasos com plantas pendurados de forma a apanharem o máximo de luz possível.


Da janela do quarto do hotel conseguia ver grande parte da cidade, quase toda com edifícios baixos. O que chamou a minha atenção foram os telhados, praticamente todos de chapa ondulada, pintada de todas as cores imagináveis. Eram o único toque de cor numa cidade em que predominava o cinzento.


No trees, no dogs

No primeiro passeio quedei pela cidade reparei que não se viam árvores. Fiquei a saber que naquela zona não se davam bem, mas havia partes da Islândia, a que não fui, arborizadas.

Pensei que talvez fosse essa ausência que levasse toda a gente a pendurar aquela profusão de vasos com plantas nas suas janelas.


Reparei também que não via ninguém a passear o seu cão. Explicaram-me que era proibido ter cães em Reykjavik, embora houvesse quem os tivesse, mas às escondidas.

Numa sessão oficial, mais tarde, já com a presença de bastantes islandeses, tentei fazer humor dizendo que agora compreendia por que razão não havia cães: falta de árvores. Devo dizer que a minha tentativa de humor não foi muito apreciada.


A Islândia

O nosso grupo internacional teve direito a uma receção a convite do Presidente da Câmara, no que era considerada como uma das casas mais luxuosas da cidade. Era a casa que um antigo embaixador francês mandara construir durante a sua permanência no país.


Como tivemos a oportunidade de contactar mais de perto com os islandeses durante os dias em que ali permanecemos aprendi, creio, algumas coisas sobre o país.

A principal atividade do país era a pesca. Não havia gente muito rica, mas também não havia pobres e o desemprego era zero! Creio que hoje em dia já não seja assim.


Riqueza termal

País fortemente vulcânico, dispunha de águas termais em profusão. As casas de Reykjavik tinham acesso direto de águas termais. Curiosamente o problema deles era o inverso do nosso. Para usos que não fossem de culinária ou de higiene tinham que arrefecer a água!


Os islandeses

Pareceram-me um povo bastante desinibido. Comparando com Portugal na altura, as relações entre os sexos eram muito mais livres. Disseram-me que tinham a maior percentagem de mães solteiras na Europa.

Eram simpáticos, atenciosos, mas pouco faladores. No entanto aturavam sem manifestar impaciência a quantidade de perguntas que lhes queria fazer. Como todos tinham trabalho e um nível salarial decente, não se mostravam desejosos de ir viver para outros países.


No país dos son e das dottir.

Uma coisa muito curiosa que aprendi foi a maneira como eram formados os nomes. A uma criança do sexo masculino era dado um nome próprio seguido do nome próprio do pai com a terminação son.

Se fosse do sexo feminino davam-lhe um nome próprio seguido do nome próprio do pai com a terminação dottir.

Explicaram-me no entanto que ultimamente já havia quem começasse a optar por manter o apelido da família. Vá lá!


A língua

Falam Islandês, uma das línguas escandinavas, talvez a mais próxima do Dinamarquês.

No entanto, não aconselho a que tentem falar, a não ser que consigam pronunciar o nome daquele famoso vulcão que, não há muito tempo, prejudicou as ligações aéreas em grande parte do mundo.

O Eyjafjallajökull !!!!

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