A maior parte dos meus leitores não deve conhecer a canção já muito antiga “Wonderful Copenhagen” cantada por Danny Kaye no filme “Hans Christian Anderson”.
Só estive nesta linda cidade três vezes. As duas primeiras foram durante a minha volta à Europa, em 1959, na ida e no regresso. A terceira foi já nos anos 90, a participar num seminário internacional.
Estas recordações dizem sobretudo respeito às minha primeiras impressões, no ano de 1959.
Adorei a cidade desde o primeiro momento. Pareceu-me uma cidade construída à escala humana. No centro os prédios não ultrapassavam um quarto andar e todos os prédios antigos estavam muito bem preservados.
Os prédios eram de tijolo avermelhado, amarelado ou cinzento, ou de pedra escura, debruada por vezes com pedra clara.
As janelas, pequenas nos prédios mais antigos, tinham cortinas de renda, brancas, recortadas. E plantas, muitas plantas nas janelas.
Achei a cidade acolhedora, calma, pouco ruidosa. Havia muitas ruas só para peões. Grande parte das lojas tinha excelente aspeto. Claro que a comparação era feita com o que tínhamos em Lisboa nessa altura.
Também adorei a animação à noite, muito maior que o que havia em Lisboa. Muitos pubs para todos os gostos e tipos de pessoas. Fui a pubs de estudantes, de marinheiros, sobretudo no Nyhavn, e para a chamada classe média que, no caso da Dinamarca, me parecia que era quase toda a gente. Não se via exibição de riqueza, mas também não se via pobreza.
Sempre gostei de experimentar tudo o que era diferente e adorei a comida, tão diferente da nossa. No meu livro conto o episódio do jantar de smorrebrod, em que não me arrancavam da mesa.
Nas lojas, achei tudo caríssimo. O nível salarial fazia com que os preços, elevados para nós, fossem normalíssimos para os dinamarqueses.
Naquele ano o Verão no Norte da Europa foi mais quente que o habitual. Uma das coisas que mais me divertiram foi constatar a ânsia de sol por parte dos dinamarqueses. Imensa gente em fato de banho nos relvados dos parques. Nas paragens de autocarro toda a gente estava na mesma posição, erguendo o rosto para o lado de onde dava o sol. Era para mim um espetáculo divertido, pois nunca vira nada assim.
A visita ao Tivoli, o famoso parque de diversões e o episódio com a pequena sereia estão relatados no “Facing Challenges”, pelo que não os repito aqui.
Da última vez que estive em Copenhague fiquei alojado um pouco a norte da cidade. Descobri que estava mesmo ao pé da casa de Karen Blixen, a autora do livro, mais tarde feito filme, Africa Minha. Claro que aproveitei a oportunidade para a visitar, causando grande inveja aos meus colegas dos outros países que tinham ficado alojados mais perto do centro da cidade.
A série Borgen, que só recentemente tive a oportunidade de ver na Netflix, dá-nos uma visão de uma cultura e estilo de vida muito diferentes do nosso. Aconselho vivamente que a vejam e comparem depois o funcionamento da política nos dois países.
Vejam e retirem as vossas conclusões.
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